Este livro nasceu de um ato de rebeldia.
Pressionado pela rigidez da minha tese de doutorado, a preguiça me salvou. Em vez de me forçar a produzir academicamente, eu me rendi ao ócio e, nesse gesto, a poesia transbordou. Durante pouco mais de um mês, entreguei-me a rascunhar minhas "lavras preguiçosas", fazendo do próprio tema o método e a inspiração. A obra é, portanto, a prova viva de que a criatividade floresce justamente quando paramos de obedecer à tirania da produtividade.
A obsessão que move este livro é a de resgatar a preguiça como um ato de resistência. Em um mundo que nos quer zumbis produtivos, ecoando a "paixão furiosa pelo trabalho" que Lafargue denunciou, eu defendo o ócio como o verdadeiro lugar da humanidade e da criação. A obra é um elogio à contemplação, um convite para desacelerar e encontrar a beleza nas coisas simples. É a minha forma de dizer que, talvez, a coisa mais revolucionária que podemos fazer hoje é, simplesmente, sentar e "preguiçar" a nossa poesia.
A forma do livro é uma consequência direta do seu conteúdo. Optei por poemas curtos, de linguagem coloquial, e por versos livres por uma questão de coerência – e, confesso, por pura preguiça! Não queria o trabalho de métricas e rimas complexas. Queria que a leitura fosse como o tema: um deleite, um respiro, um convite para apreciar a beleza sem esforço. A simplicidade aqui não é falta, é projeto.
Se um poema pudesse servir de chave para o livro, seria o que lhe dá o nome, "Um elogio à preguiça". É nele que eu me assumo como poeta que precisa do ócio para se realizar, que apara a melancolia nos versos e que encontra na preguiça o meio de criar. Aquele poema é a confissão e a defesa da minha "poética da preguiça", o motor que impulsionou todas as outras lavras.
A voz que fala aqui é a de um preguiçoso convicto. É uma voz que, de sua varanda ou de sua cadeira, observa o mundo acelerado e se recusa a participar da corrida. Ela é irônica, melancólica, por vezes crítica, mas sempre fiel à sua condição. É a voz de alguém que prefere deixar o café esfriar a deixar um poema minguar, e que se define não como um trabalhador, mas como um "animal poético" que precisa da preguiça para ser .
Minha esperança, com este livro, é oferecer ao leitor uma permissão. A permissão para desacelerar, para não se sentir culpado pelo descanso, para valorizar a contemplação. Queria que a leitura fosse um respiro, um alívio em meio a um mundo que exige produtividade incessante. Que o livro seja um convite para que cada um encontre e celebre suas próprias e dignas "lavras preguiçosas".
Hoje, vejo Um Elogio à Preguiça como meu manifesto mais honesto. Ele me ensinou que as nossas supostas "fraquezas" ou "desvios" podem ser, na verdade, nossas maiores fontes de força criativa. Foi o livro que me permitiu alinhar completamente minha forma de viver com minha forma de escrever, provando que a poesia mais autêntica nasce não do esforço, mas da entrega.
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