Retrato detalhado de Giovani Miguez em estúdio com fundo neutro e luz suave

Somos animais poéticos, existencialmente est(éticos) que nos constituímos documentando a realidade.

Nasci em Volta Redonda, interior do Rio de Janeiro, e vivo hoje no Rio de Janeiro. Sou poeta, escritor, pesquisador e servidor público. Minha formação é múltipla: especialista em Sociologia e Psicanálise, mestre e doutor em Ciência da Informação pelo IBICT/UFRJ. Toda minha trajetória literária parte de uma pergunta antiga que me acompanha: para que serve um poema quando o mundo adoece?

Minha resposta não está numa tese, mas num método: escrever como cuidado, concisão como éticafragmento como verdade. A poesia, para mim, não é ornamento; é prática de atenção — uma tecnologia de presença.

O projeto est(ético)

Chamo de est(ética) a união entre ética e estética pela via do gesto mínimo. No meu trabalho, o verso curto, a elipse, a imagem depurada e o vocabulário do cotidiano afirmam uma responsabilidade formal: dizer apenas o necessário, com a clareza do que foi vivido. A ética aparece menos como enunciado e mais como forma — cortes, silêncios, rascunhos assumidos —, instaurando um pacto com a realidade.

O poema é lugar de decantação e de sutura: o que rompe no corpo e no social precisa ser costurado na linguagem.

Primeiras estações: do diário à travessia (2019–2023)

Em Quase Histórias: Estéticas Existenciais (2019), apresentei uma base híbrida: prosa curta, contos-rasgo e prosa poética examinando o instante com melancolia sóbria.

Animal Poético: Diário Est(ético) (2020) elevou o rascunho à categoria de método: um diário de criação onde o exercício cotidiano de nomear se tornou disciplina de presença.

No diálogo com Ricardo Garcia em Da Ilha da Poesia (2020), a poesia se fez em alteridade — epistolar, responsiva —, como se a escuta fosse o primeiro verso.

Com Um Poema por Dia: Para Viventes e Sobre (2020), reafirmei que persistir na poesia é persistir no cuidado.

Na prosa de Nem te Conto e Outros Contos (2021), abri janelas narrativas para o cotidiano; e em Em Terceira Pessoa e Outros Poemas (2021), o “eu” se tornou personagem observado, deslocando a confissão para uma terceira margem.

Na Escuridão da Travessia (Selin Trovoar, 2022) nomeou meu rito de passagem: finitude, perda, mística do caminho.

Poesofias: Entalhos e Alguns Retalhos (Ópera Editorial, 2023) uniu aforismos e lirismo; e Garrafas ao Mar — Minimalismos (2023) radicalizou a concisão, assumindo o inacabado como ética.

Consolidação existencial: o cuidado como forma (2024)

Em Eufonia, Euforias e Agonias (Litteralux, 2024), trabalhei o contraste — harmonia, exaltação e dor — para pensar o humano.

Um Elogio à Preguiça e Outras Lavras Preguiçosas (2024) propôs uma contra-pedagogia do tempo: desacelerar para ver.

Amor Fati e Outros Poemas Dionisíacos (2024) acolheu a lição nietzschiana: aceitar o real sem cinismo.

Notações Paridas: Poéticas que se Pensaram e Documento Poético e Outros Poemas de Transição (2024) foram exercícios de metapoesia — uma autoanálise da minha escrita.

Fase experimental: Projeto e Coleção Ateliê Po(ético) (2025)

Em 2025, iniciei um ciclo de plaquetes com capa amarela pela Uiclap, todos parte do Projeto Ateliê Po(ético), com textos majoritariamente inéditos:

  • Corpo poema — o corpo como verbo; linguagem como músculo; ética da presença sensível.
  • Metapoéticas — remendos e costuras do ato poético; confissão da falha como gesto de verdade.
  • Voz, Belchior, Navalha — cartas-poema a Belchior; voz insurgente; música como lâmina ética.
  • Raios, Raul, Relâmpagos — homenagem indisciplinada a Raul Seixas.
  • Aleluia, Mateus, Infinito — invocação de ancestralidade e rito.
  • Prosas Miúdas, Algumas Mudas — pequenas mecânicas do silêncio.
  • Moringa, sutura estruturae outros ecos silenciosos

Esses plaquetes, alguns elogiados pela Revista O Navalhista, formam um laboratório de corpo, voz e processo.

Prosa reunida e nervo social

Em Os Vermes do Mundo: Prosa Reunida (2025), colhi textos sobre desigualdade, degradação e resistência. A ruína, aqui, é sintoma histórico; a indignação vem depurada, com cortes secos e uma ética de nomear o que fere.

Minha ética da forma

A ética na minha obra aparece como escolha formal: concisão que recusa sentimentalismo; fragmento que denuncia limites do discurso totalizante; diários como disciplina contra dispersão; afeto contido por léxico de proximidade.

Chamo isso de política do mínimo: cada palavra precisa justificar o ar que consome.

Poética do cuidado e documentalidade

Trabalho com a escrita como documentação da experiência. Cada livro funciona como prontuário do sensível, anotando anamneses do que somos quando cuidamos.

Tradições e linhagens

Dialogo com a canção (Belchior, Raul Seixas, Mateus Aleluia), com a crônica social e com a antipoesia latino-americana. A música me dá pulso, a crônica me dá urgência, e a antipoesia me lembra que o cotidiano é matéria radical.

Recepção e ressonância

Minhas obras têm sido comentadas pela Revista O Navalhista, pela Revista Deus Ateu e pelo Blog da Uiclap. As leituras destacam a concisão, a urgência ética e minha política do mínimo.

Meu lugar e meu ofício

Acredito que minha contribuição está em três eixos:

  • Est(ética) do cuidado — escrever para preservar o que importa e reintroduzir a delicadeza no uso da linguagem.
  • Responsabilidade do mínimo — oferecer precisão sem frieza.
  • Articulação corpo–cidade — não fechar a poesia na interioridade; escutar o rumor social e transformar essa escuta em forma.

Se a poesia é um modo de cuidar, minha poética mostra como: fazendo da forma um abrigo, e do abrigo, uma maneira de estar à altura do real.

Conheçam minha obra, naveguem pelo meu site.

__

@GiovaniMiguez

Compartilhe este artigo

POESIA TAMBÉM É CUIDADO!

Fale comigo para adquirir livros, contratar oficinas ou palestras sobre leitura, poesia e biblioterapia.

MAIS SOBRE MIM
Giovani Miguez

SOBRE O AUTOR

Giovani Miguez

Sou poeta escritor e pesquisador. Nasci em Volta Redonda, mas vivo na cidade do Rio de Janeiro. Sou autor de mais de 20 livros. Possuo formação em gestão pública com extensão em Jornalismo de Políticas Públicas, doutorado e mestrado em Ciência da Informação, além de especializações em Sociologia e Psicanálise e formação em Biblioterapia e Mediação de Leitura. Atualmente, investigo temas relacionados ao trabalho, corpo e cuidado, além do papel da leitura como prática de cuidado de si, do outro e do mundo e como estratégia para o fortalecimento do indivíduo e dos laços sociais.

Posts Recomendados