Esta plaquete não nasceu de um plano, mas de uma respiração.

Surgiu de uma única noite e madrugada, da necessidade de registrar o que é breve, mas essencial . Em um mundo que grita, que nos assalta com notificações e ruídos, senti a urgência de sussurrar. A plaquete é o meu esforço para encontrar, no meio do barulho, a moringa que guarda a água limpa, a sutura que fecha a ferida e a estrutura que nos mantém de pé, como digo no prólogo .

A obsessão que costura esta obra é a busca pela essência no fragmento. É sobre como um único fio de sol numa fresta pode nos lembrar que existe um lado de fora , como uma palavra pode levantar um corpo que o noticiário derrubou , e como o silêncio se tornou o bem mais precioso e ameaçado. A obra inteira é uma meditação sobre o que realmente nos sustenta quando todo o resto é ruído, culminando em uma crítica ao vazio anestesiante da vida digital.

A estrutura da plaquete foi se revelando no próprio ato de escrever. Começa com uma confissão, a voz do "alterego" que se diz o verdadeiro poeta, a sombra que sangra mais que o autor . Depois, o olhar se abre para o mundo: para as caminhadas silenciosas, para as dores coletivas, para os pequenos milagres do dia a dia. E, ao final, tudo converge em "ecos do silêncio", que é a grande preocupação que amarra tudo: como preservar nossa humanidade em um tempo de telas.

Se há um texto que serve como a espinha dorsal desta plaquete, é a sequência final, "ecos do silêncio". É ali que todas as pequenas observações e angústias anteriores ganham um nome e um contexto. É a minha reflexão mais dolorosa e urgente sobre o que estamos perdendo e o que legamos aos nossos filhos, esses olhos inocentes já viciados no brilho . O desejo final por "barro nas mãos" e "chuva na pele" é o verdadeiro manifesto da obra .

A voz que fala aqui é, antes de tudo, uma voz que se sente em pedaços e tenta se remendar com palavras, como o título da primeira seção sugere . Ora é a sombra do poeta, ora é o cidadão que carrega o peso do mundo, ora é o pai que sente a culpa de um legado digital . É uma voz que não se pretende inteira ou heroica, mas que encontra na escrita o fio para costurar suas próprias partes.

Minha esperança com esta plaquete é que ela funcione como uma pausa. Um momento de respiração. Não quero explicar nada, apenas oferecer estes fragmentos como quem oferece um copo d'água num dia quente. Que um verso sirva de sutura para uma dor, que uma imagem sirva de estrutura para um dia difícil. É um gesto pequeno, mas, acredito, essencial.

Hoje, vejo Moringa, sutura, estrutura como a minha plaquete mais urgente. Ela foi escrita de um só fôlego e carrega essa intensidade. Ela me ensinou que, às vezes, o poema mais importante não é o mais elaborado, mas o mais necessário. É o meu lembrete de que a poesia, hoje, talvez tenha como principal função nos ajudar a desligar as telas para, enfim, reencontrar a alma.

Espero que esta leitura cause êxtase em você!

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@giovanimiguez

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Giovani Miguez

SOBRE O AUTOR

Giovani Miguez

Poeta, escritor (mais de 20 livros publicados) e pesquisador. Doutor e mestre em Ciência da Informação (IBICT/UFRJ). Especialista em Psicanálise e Psicologia. Graduado em Gestão Pública com Extensão em Jornalismo de Políticas Públicas. Analista de Ciência e Tecnologia na Coordenação de Ensino do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Atualmente, além das pesquisas em Filosofia da Ciência da Informação (Antropologia Filosófica e Documentalidade), pesquisa também sobre Cuidado Narrativo, Cuidado Oncológico, Trabalho em Saúde e Informação em Saúde.

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