se apenas tivesse escrito
um verso
na beira da insônia,
suficiente.
se apenas tivesse sentido
o silêncio das linhas
e das páginas,
suficiente.
se apenas tivesse visto
um menino
rir no meio da rua,
suficiente.
se apenas tivesse guardado
o tremor de uma palavra
no bolso do peito,
suficiente.
se apenas tivesse lembrado
dos que vieram antes,
trazendo brasas na boca,
suficiente.
se apenas tivesse falhado
e, da falha,
feito um canto,
suficiente.
se apenas tivesse amado
sem que o tempo
respondesse,
suficiente.
se apenas tivesse caminhado
entre ruínas
e flores,
suficiente.
se apenas tivesse escrito,
só escrito,
até que a vida fosse respiro,
suficiente.
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